ARQUITECTURA TRADICIONAL

A habitação sempre foi uma das mais prementes necessidades do homem.

Recorrendo à matéria-prima que se encontra mais à mão, no caso concreto do nosso concelho, a pedra e a madeira. Proliferam assim nas nossas paisagens campestres construções rústicas como currais, fontes, poldras, canastros…

Os canastros eram edificados nos lugares mais soalheiros, muitas vezes anexos às eiras. São edifícios arejados, elevados sobre pés de granito e destinam-se à recolha de espigas de milho.

Tipologicamente são retangulares e estreitos, apresentam um corpo de balaústres ou ripas de madeira verticais, deixando entre si fendas por onde circula o ar. Pousam sobre esteios encimados por lajes retangulares de granito. Eram, muitas vezes, pintados aos losangos com cores tradicionais: o castanho ocre e o anil.

A casa rural do concelho de Vouzela é caracteristicamente beirã: paredes de granito, escadaria exterior, pátio interior, alojamento para animais e arrumos no piso térreo e habitação no piso superior. A telha era romana e a ligação entre os aposentos era feita através de uma varanda corrida no exterior.

Esta freguesia, de um modo geral, está muito descaracterizada, embora ainda seja possível encontrar algumas construções tradicionais de granito em aglomerados mais pequenos e menos acessíveis. A maior parte dos núcleos possui muitos edifícios dissonantes. Na generalidade dos casos as construções possuem dois pisos, encontrando-se, no entanto, edifícios com mais.

PONTES

As pontes e as poldras fazem parte da paisagem do concelho. Mais ou menos imponentes, mais antigas ou mais modernas abundam por todo o concelho. Algumas pontes foram sofrendo obras de ajustamento à largura das novas estrada e foram-lhes adaptados novos tabuleiros, outras mais antigas em madeira, foram substituídas no séc. XVIII por estruturas em pedra.

No séc. XVIII existiam em Campia, sob o Rio Alfusqueiro, segundo as Memórias Paroquiais, as seguintes pontes “Ponte de pedra de cantaria em o sítio de Porto da Várzea”, no rio Alfusqueiro, no rio a que a Memória chama Lousa, uma de pau no fundo do lugar do Crasto, outra de “pedra de cantaria no fundo da Póvoa da Louza… Tem outra Ponte de pedra no sítio do malhadouro… de Cantaria…” .

MOINHOS

De vários tipos de moinhos hidráulicos, o mais antigo é o moinho de rodízio, construído junto de ribeiros e levadas, sendo a água conduzida por um canal estreito para o “cabouco” onde a força da corrente, regulada pela “seteira”, produz um jato que aciona o rodízio ao bater nas suas “penas” fazendo-o girar. Este movimento giratório imprime movimento à mó dormente e que, na parte inferior, está embutido no centro do rodízio.

Na nossa região o processo de substituição pelo moinho elétrico foi rápido uma vez que era um processo mais vantajoso, votando ao abandono os moinhos de água.

Dotados de alguma semelhança arquitetónica com os moinhos eram os pisões que eram usados para “pisoar” o burel depois de tecido no tear. Era um engenho tosco, de madeira, com um princípio de funcionamento simples: uma roda motriz, montada num eixo comprido, em dois pontos do qual estavam fixas as palas em posições perpendiculares uma à outra; dois grandes martelos, suspensos de uma armação, que as palas girando com o eixo, faziam levantar à vez; uma caixa grande, aberta à frente, onde era colocado o tecido e se deitava a água e outros ingredientes para a lavagem e pisoagem.

Os malhos caíam, entrando na caixa à vez e batiam no tecido que ali se encontrava.

No pisão existia uma fornalha para o aquecimento da água que era conduzida por calhas e outros acessórios necessários para o tratamento dos tecidos. Existiam muito menos pisões do que moinhos, dado que um bastava para servir uma vasta área.

Contudo, no séc. XVIII as Memórias Paroquiais referem a existência de uma grande quantidade de moinhos e alguns pisões na freguesia de Campia.