LINHO

As atividades artesanais que ainda subsistem no nosso concelho estão diretamente relacionadas com a vida agrícola.

A mais significativa e apreciada é a tecelagem que tem por base a lã, o linho e o reaproveitamento de outros tecidos. Da transformação destes produtos se faziam os cobertores de lã, os tapetes e mantas de trapos, as colchas e toalhas de linho e todo o enxoval necessário à vida do homem.

Atualmente fazem-se muitas peças de linho, que são muito apreciadas, utilizando as mesmas técnicas e matérias-primas.
A planta do linho adapta-se bem às condições do terreno de algumas zonas do concelho – os designados linhares.

Os trabalhos de linho eram executados nas horas de lazer, principalmente aos serões e geralmente acompanhados de histórias e cantigas com eles relacionados.

CESTARIA

Para além dos trabalhos do linho é significativo no nosso concelho o fabrico de cestos e canastras.
Estes artefactos diferem na sua forma e tamanho consoante as funções a que são destinados. Temos os açafates para arrumação doméstica, os “canazes” para a vindima e outros fins e “amieiras” para transportar as merendas para o campo.

ACTIVIDADES AGRÍCOLAS

Para auxílio nas tarefas agrícolas usavam-se instrumentos produzidos pelos carpinteiros e ferreiros, tais como as enxadas, arados, charruas, foices, machados, podões e tantos outros utensílios quão diversos sãos os trabalhos no campo.

No nosso concelho, devido às caraterísticas do terreno utiliza-se a enxada de pá larga (sachola). O arado que tradicionalmente era de madeira foi adaptado com dentes de ferro. Entre todas as alfaias a mais usada na nossa região é o arado radial quadrangular devido às caraterísticas do solo graníticas.

CARROS DE VACAS

Para todos os trabalhos campestres foi essencial a existência de meios de transporte para transportar o produto das colheitas, pastos para o gado, lenha… Para tal era essencial que cada casa tivesse o seu carro de vacas puxado por um ou dois desses animais.
A forma de aparelhar os animais diferia: havia agricultores que utilizavam o jugo de molhelha mas a canga simples tinha mais adeptos. O carro utilizado nos velhos caminhos e veredas pedregosas tinha de ser robusto tão íngremes os trajetos eram. Era composto o corpo do carro por chedeiro, furo do chavelhão e chavelhão, fueiros, treitoiras, coucões e couquilhas e o eixo e rodeiro composto por cambas, relha, meias-luas, tufo, sobrelhas, meúlo e rasto.

CEIFA, A MALHA E A MATANÇA DO PORCO

As malhas tinham rituais muito próprios assim como as ceifas. Enquanto uns ceifavam, outros atavam e assim se passavam as horas e o trabalho entre ditos, anedotas e algumas cantigas.

A ceifa era farta em vinho tal como fartas as merendas que iam ter aos campos à cabeça das mulheres. As paveias do centeio, atadas pelos nagalhos, lá se iam acumulando até que por fim se faziam os meduchos (25 molhos). Ali ficava o cereal até que fosse levado para a eira.

O dia das malhas, das desfolhadas e pisadelas na altura das vindimas eram momentos de festa. Eram trabalhos que se faziam ao som de músicas e anedotas assistidos por faustos banquetes. Era um ritmo frenético de trabalho, pois no caso da malha começavam de madrugada na labuta, mas continham uma magia e encanto que foram diluindo com o tempo. Era um tempo marcado por um ritmo de produção mais lento, comandado pelas rezas e orações, pelo calor, pela chuva, pela lua e pelas estrelas.

A matança do porco é uma tarefa, que antes da existência das arcas frigoríficas, se fazia nos dias mais frios de inverno. Começava-se de manhã muito cedo. Para a tarefa era preciso ter tudo preparado: o quebra-jejum para o matador e respetivos ajudantes, o carro das vacas no sitio certo e limpo para colocar o animal, a água quente para as lavagens e a carqueja ou o colmo bem secos para chamuscar bem o porco.
O matador chegava munido de uma faca grande, a “sangradeira” com que matava o porco e cordas. Depois de morto, o porco era bem lavado e pendurado, geralmente na adega, onde era aberto para serem retiradas as tripas para uma canastra.
As mulheres ocupavam-se então do arranjo daquelas que eram aproveitadas para “os rojões das tripas” e depois seguiam rumo ao rio ou ribeiro mais próximo para serem devidamente lavadas, dado que com elas se faziam as morcelas e as chouriças.

Por fim o porco era desmanchado e as suas partes eram conservadas na salgadeira. A gordura era derretida para se fazer a banha na qual se guardavam os rojões do lombo e outros que se comiam durante o ano inteiro.